quarta-feira, 22 de abril de 2009

Crepúsculo


"Nasce o Sol e não dura mais que um dia
Depois da luz, se segue a noite escura
Em tristes sombras morre a formosura,
Em profundas tristezas, a alegria"



Rápido demais, se põe o sol no horizonte, deixando nada mais que escuridão.
Ele nem viu o sol nascer.
Assim vai a vida solta, ninguém pode prendê-la.
Enclausurada numa semente, cai na terra e germina.
Dali seus galhos se extendem para ganhar flores, produzir frutos, se tudo der certo, gerar novas sementes.
E hoje ficamos todos ali, a grande plantação do humilde agricultor. O homem simples.
Nunca teve a arrogância de tentar produzir filosofias de vida, grandes ensinamentos. Era um homem da natureza e, como ela, ensina sua lição nos seus passos, despretencioso.
“As pessoas falam que 50, 70 anos é pouco, fia, mas pra quem vive isso é chão dimais! Óia, eu nem lembro mais direito da minha infância!...”
Mas as mil histórias da infância não saem da ponta da língua. Cada terra, cada plantação, o nome de cada gente que tropeçou em suas raízes, que pisou na sua terra.


"Porém se acaba a luz, porque nascia?
Se é tão formosa a luz, porque não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim de fia?"



É que agente não aprende a ser feliz, agente simplesmente fica. Vôvô fazia isso, por que era feliz, porque vivia, não porque quisesse ensinar alguém, porque quisesse mudar a vida de ninguém. E ninguém mudava o curso da dele.
Ô tava, ô num tava.
“Se eu miorá, nois vamo chupá quelas laranja que eu plantei. Plantei de todas. Daqui 3 anos vai ter laranja demais.”
Termina uma vida sem arrependimentos, leva a leveza nos ossos. Sucesso é um pimentão verdinho, um pepino bem reto e graúdo. Sucesso teve muitos! Muito mais que a gente, besta, vai ter, tentando salvar o mundo.


"Mas no Sol e na luz falte a firmeza
E na formosura não se dê constância
E na alegria sinta-se a tristeza"


Fica só a saudade. Saudade boa, de algo que foi até o fim. Sem olhares pra trás, sem ditos por não ditos. Saudade doída, daquelas que não dá pra matar.
O bisneto chorando baixinho, de saber que não pode mais ver o vôvô. A voz firme, aprendida com o velho, que com ele nem era tão firme assim.
Ele imóvel nem mesmo era ele, quem nem dormindo ficava quieto.
Fica ele de volta à terra que tanto amou.
E comigo só minha covardia, que não suportei vê-lo piorar.
A vida se foi, leve como ele a levou. Simples como é a vida.



O sol se pôs, rápido demais. Sempre mais do que a gente queria.



Ficamos, sós, na escuridão.



Rápido como o dia,


a vida termina.




"Comece o mundo enfim pela ignorância
Pois tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância"

Um beijo e um adeus, pro meu vôvô Kazuó.

domingo, 19 de abril de 2009

19/04/2009 - Domingo


Hoje, em pleno meio dia, decidi ir passear com o Akamaru.
Ainda ontem, no mesmo horário, torrei no sol, lamentando não ter passado protetor solar. Hoje, senti o cobertor frio do inverno nas costas. Olhei e vi o céu azul límpido, nenhuma nuvem sequer.
Brasília só tem duas estações: quente-e-chuvosa e fria-e-seca. E a transição de uma pra outra. Não pensei que sentiria falta do frio.
Parece que eu mudo com as estações, me norteio pela nostalgia de cada uma. Minha memória é olfativa, é tátil. Sinto na minha pele, com o frio, outros dias. O cheiro de fumaça, de grama seca. Nem sei o que isso me lembra, eu me parto em duas, achando agradável a sensação, como se eu estivesse ansiosa por sua chegada, mas sem a alegria que achei que sentiria. Pelo contrário, o prazer me deixa melancólica, como se faltasse algo.


Essa noite sonhei de novo com a sensação da perda da música em mim. Meus sons abandonados em um carro, na estrada. Ninguém os tocou e, quando volto a eles, percebo que de fato nunca fiz parte desse universo. A música não me quer nela, por mais que eu a deseje.

Mês passado recuperei minhas partituras, tirei a poeira do teclado, comprei um violão. Achei que tocava melhor agora, sem a prática e os calinhos nas pontas dos dedos, do que em toda a minha vida. Mesmo assim, já não faço parte desse mundo, talvez de nenhum. To sobrando! Sem nada a que me agarrar nesse universo. Flutuo só.

Acordo do meu devaneio, o Akamaru olhando interrogativamente para mim, muita corda da coleira ainda pra ele andar, mas parece esperar que eu ande com ele. Só pra provar que estou errada. Pergunto, meio idiota, se ele quer ir pra casa e ele sem hesitação vai em direção à portaria. Garoto inteligente!


Desisto de saber que sensação é essa, que memórias são essas. Chegou, enfim, o frio. Mês que vem vou à São Paulo, comprarei chapéus, luvas, suspensórios e um novo par de calças risca-de-giz. Vou assistir aos espetáculos que aqui não consegui. Vou criar novas memórias pra sentir falta. Cansei de descrever sonhos e nostalgias, ando pra frente agora. EU escrevo minha história.
_._
Na foto, eu, meus mullets e o akamaru na frente da janela no 20º andar. A vista mais linda do mundo, a vida viva de verdade lá fora.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Surto de Narcisismo - Tempo de Ser Bonita




Teve duas ocasiões em que ouvi algo sobre minha aparência que mudaram minha percepção de mim e, portanto, minha relação com o mundo. Hoje, em frente ao espelho, lembrei-me claro de uma delas, no C.A. de Psicologia na UnB:
“Você brinca de ser bonita!”
Acho que essa foi uma das coisas mais legais que já me disseram.
Quando ouvi isso ainda não era. Não entendia nenhuma fonte de desejo, nem as aceitava. Quando não era bonita, não me importava em ser.
Não gastava tempo em frente ao espelho, senão pra chorar e me amedrontar. O cabelo, meio curto meio comprido, ia desarrumado. Eu ia em camisas de flanela e tênis xadrez. Magra demais pra me importar com o que seria mostrado. Me contentava com sarcasmo e o humor macabro.
Agora, bonita e cheia de curvas, marco o meu tempo de mostrar, de ser vista, de ser bonita: as unhas feitas uma vez por semana, óleo corporal todas as manhãs. Mudo a cor do cabelo – agora em 3 tons de loiro – a cada seis meses e corto a cada 2. Rímel lilás durante o dia, preto se sair à noite.
Academia 2, 3 vezes por semana. Chocolate só uma. Sorvete, quase nunca.
Salto alto, 3 vezes por semana, e salto baixo outras 3. Tênis? Só pra ir pra academia.
Tudo do meu jeito, é claro. Gasto o preço de um colar em peças para fazer uns dez. E uso, quase todos os dias, o único jeans que ainda passa nas minhas pernas.
Aí, vem a 2ª: “Não tem outra de você não?”
Acho que os amigos não têm idéia de como uma frase dessas pode ser significativa. Ainda mais pra mim, que desprezo as ruins e guardo só as boas.
Quando não era bonita, não me importava em ser.
Não tinha o que mostrar senão um ódio estampado. Um out-door ambulante de indignação.
Então as pessoas tinham que descobrir se tinha algo em mim que valesse a pena. Sarcasmo e humor macabro.
Não tinha.
Agora me sinto tão plena, completa, perfeita! Não tem outra de mim...
Tanto que me dou oportunidade de ser o que eu nunca achei que poderia. Refaço planos, busco meios de me desarrepender, de desdecidir. Conquisto-me e apaixono-me todos os dias, reapaixono-me pela vida.
Engraçado, quando entrei na fase de não estar nem aí com nada, pra desdecidir e deixar minha vida interessante de novo, ter novas razões pra me apaixonar por ela, todo mundo se preocupou comigo. Menos eu.
A tristeza me faz feliz. Difícil é encontrar algo que não faça. EU me faço feliz...


A todos vocês que se incomodaram dos últimos tempos, obrigada. As boas falas serão sempre guardadas e inevitavlmente parte de minhas novas paixões.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

14º Sonho - 1º/04/2009 - Um Último Sonho

Esse é praticamente todo impublicável. Perdoem-me pelo excesso de reticências. É só pra não perder esse registro.



1º/04/2009 – Um Último Sonho

Com paciência, pois nem consigo organizar as idéias, que dirá poetizar sobre elas.
Fato é que tive mais um daqueles sonhos e acordei sem pensar em nada mais a fazer, senão chorar.
De repente parece que consigo descrever essa dor de que tanto falo.
É como um contínuo conter de lágrimas, a pressão no peito, o nó da garganta, o aperto nas têmporas e o esforço ininterrupto de manter os olhos secos. É com isso que sofro.
Nesse sonho, não houve mistérios nem ausências. Tão real e impossível ao mesmo tempo! Tanto que me fez refletir de verdade sobre a verdade e doeu, dói, demais.
1º era meu aniversário e eu fazia pose para a foto, (...). Abraçada com minha prima querida e o Mickey – é só um sonho, não tem que fazer sentido! – O conforto de abraça-los é indizível.
Procuro aquele sorriso, destacado como a menininha na “Lista de Schindler”. O som da risada que eu nunca consegui apagar.
Mas, menina e envergonhada, fingi não tê-lo visto e como estivesse muito ocupada, ele se foi, sem que eu lhe falasse. Também não faz muito sentido que ele estivesse lá.
Não me incomodou tanto. (...), como se eu pudesse lhe falar outro dia. Uma eternidade de oportunidades.


Faço uma pausa para beber um gole de suco, na tentativa vã de empurrar esse aperto na garganta. Estou só, com uma pessoa que não gosta de mim. Queria que a Jaque chegasse logo. Por outro lado, acho que se ela chegasse agora eu desabaria no colo dela...


Então a cena mudou e conversávamos sobre tudo isso (...)E perguntou o que eu fazia lá dentro. E eu também não sabia (...)
E estávamos num deserto, talvez aquele mesmo da outra vez. (...)
Ouvi clara e objetivamente aquilo que nunca consegui expressar com palavras. E, embora eu sonhe (...) eu sei que aquela fala é só minha.
(...) pra explicar minha nova teoria à prova de erros e pra falar sobre arrependimentos e ausências. Tanto carinho, tanto conforto!
O rosto que nunca consigo lembrar, desenhado em detalhes, mas era outro tempo, sua pele envelhecida, queimada de sol (...). Nada tinha mudado em mim, dentro ou fora. Meus olhos brilhando num sorriso (...).
Mas nele eu sabia que acrescentar histórias não faria que eu o deixasse ir. (...) Foi como uma despedida.
(...)
Acordei com dor no peito (...) E eu não queria encostar nele. (...) Com medo de que ele sentisse a dor em mim, seu toque, seu cheiro, esse movimento todo de dor.
E, segurando a lembrança para que não se escoasse, pensei nela. E em como é urgente que eu aceite sua morte.
Daqui pra frente é só dor. Essa ilusão é só minha. Quando 2 virarem 3 e assim por diante, não será só mais uma possivelmente descartável mudança.


Eu não queria me sentir doente.


É porque Amo.

13º Sonho - 14/03/2009 – Outro, novo, sonho


14/03/2009 – Outro, novo, sonho

Sonhei hoje, de novo, com você.
E sei ter sido hoje, pois acordei, lógico, e não mais pude dormir, inesperado.
E tudo o que restava da minha já cambaleante muralha de ego, ódio e talvez, moral, despedaçou-se de vez.
Desta vez você estava presente por sua ausência e, por ser mais real que os outros, desta vez fugia de meu inevitável encontro.
E, pega de surpresa, ainda toda desfeita e bagunçada, te abracei no silêncio confuso do esgotamento das palavras, todo o desejo contido.
E os beatles ensaiavam na areia, perto daquela favela de alguns sonhos atrás, onde me perdi, e esse novo John Lennon usava um casaco vinho, como o que usou quando esteve em Portugal.
E o desejo reprimido virou discórdia e o fim de minha aliança.
Não havia mais como nutrir o desejo de romper, rasgar, esgarçar.
Eu te destruiria, se pudesse.
Olhei para trás, para minhas mãos sujas de areia que você não desejava e, embora te conhecesse, pois era um sonho, não pude me aproximar de tamanha celebridade.
Restando só o desejo cor de vinho, avassalador, que se manteve também na minha vigília, destruindo, de novo, a frágil e difícil muralha que, a duras penas, tento erguer e reerguer.


Fugir...

12º Sonho - 05/03/2009 – Outra Noite


05/03/2009 – Outra Noite

Mais um sonho e, mais uma vez, você esteve presente apenas por sua notada ausência.
(...)
E não me envolvia, nem socializava naquele estranho lugar isolado, porque te esperava.
E te esperar era mais importante que fazer música!
E acordei com a sensação do meu 20º aniversário, tudo de novo.
E sua ausência fez todos se tornarem não mais que imagens borradas, vultos, sombras, formas, fantasmas.
Eu sempre assombrada.
Acordo convencendo-me de que nada me importa mais do que minha música, sabendo que já escapei pelos seus dedos há tanto, tanto tempo.
Compôr...

11º Sonho - 02/03/2009 – Um Sonho Novo


02/03/2009 – Um Sonho Novo

Cheguei da ICT, em seu 50º aniversário. Corrompida pelo desejo, pela beleza.
Aí sonho que eu e o Alexandre estávamos juntos, indo a algum lugar e, por algum motivo, num ponto eu vou carregando ele nos braços.
Me sinto feliz, tranqüila e plena e ele leve como uma pluma e estávamos num deserto cheio de calor.
Lá longe haviam poços de água, como várias piscinas naturais de água bem azul. E como fosse um oásis, a água sumia e voltava, várias pessoas por lá.
Eu decido desviar meu caminho até lá, a pretexto de jogar água na cabeça do Alexandre, pra refrescar, mas a verdade é que desejei ir, como aqueles sonhos loucos de ir pra Caldas.
Quando a água começa a sumir, percebo que é sugada pela terra e nada mais há senão uma pasta de areia. Lutando como se aquilo fosse areia movediça, olho as outras pessoas se firmando pra não sucumbir, mas não pareciam fazer tanto esforço quanto eu.
E quando a água sobe de novo, faz uma forte correnteza e, embora eu procure e tente recuperar, quando me equilibro e me firmo de novo, já não encontro o Alexandre. Chamo, chamo, mas o perdi.
E continuo meu caminho certa de que cometi um erro indo às piscinas, mas sem realmente me importar muito. Até chegar no que parece uma escola, onde o próximo passo é ensinar, embora eu sinta que estou lá para aprender.
Queria ficar confusa com o que posso aprender desse.
Ninguém. Só eu e ele. E o fim continua sendo um só.
Até onde?

terça-feira, 7 de abril de 2009

8º, 9º e 10º Sonhos - 14,15 e 16/12/2008


16/12/2008 - Three days, three dreams in a row.

The first, the last.
The second , before, again and after
The last, the one who’d never’s gone.
Not really. Even if a try, and i tried.
The first, violence, passion, and lust.
Blood and sweat.
Regret, pain, relief, madness.
The second, peace in a place. Never on me. Calm, warm, patience, happiness, love, perfection, past.
Geography! DdA. Sweetness.
Nothing else to say. We finally (already) know what to do.
The last, could be reality. All the same and again.
Leave the church to hang around and never, ever reach the place.

Everything’s a dream, never’s done.

7º Sonho - 17/09/2008


17/09/2008
Sonhei que batia. Habilmente batia num pedaço do meu passado que eu guardo com mágoa, com vontade de por pingos nos is. Daqueles redondos e vazados por dentro.
Um passado tão guardado que eu já nem sabia que doía tanto.
E nem foi por falta de falar.
O pior foi ouvir que a culpa foi minha. E matar do ventre quem eu julgo ser verdadeiramente culpada.
E dor demais pra não começar no SARAH. E essa nem apareceu embora certamente estivesse lá mencionada.
Eu? Como pode ter sido eu a fazer tudo isso?!
Maldito passado! Ainda dói demais pra não existir...

16/12/2008 – revisitado: E não faço idéia do que aqui está dito. Os sonhos escorrem de mim como água entre os dedos...

6º Sonho - 12/05/2008 – O último Sonho


12/05/2008 – O último Sonho

Sonhei, de novo, há bem uma semana.
Sonhei que tinha câncer, bem na base da coluna, talvez por causa da dor real. Mas o prognóstico era bom, eu quase podia vê-lo murchar. E ganhei carinho, e todas as minhas decisões, guinadas e desistências eram corretas e sem culpa. Encostei em sua espádua minha cabeça, como devo ter feito uma única vez, senti com minhas costas seu abdome, que foi a última coisa que senti.
E haviam sorrisos, braços, ameaças de beijos, que é o que mais gosto.
E estávamos de novo na adega, saindo dela. Sentados em volta de uma fogueira, livres, felizes, juntos.
Havia um alívio feliz nos meus últimos dias que se prolongavam, e tristeza e melancolia, mas toda a mágoa murchava com meu câncer. E você me perdeu e achou justo por tudo o que não fez, por tudo que não foi, que não soube.
Acordo feliz e te amando e trazendo de volta velhos amigos, inimigos e fantasmas.
Errar...
Quase impossível ilustrar esse. Notem que seria um pesadelo, mas acordo com sensação boa. Talvez esse seja o único com essa propriedade.
Notem que o anterior tem o 4º e o 5º num só escrito.

4º Sonho - 03/05/2008 – Mais uma vez


03/05/2008 – Mais uma vez

Cai mais uma lágrima. Ouço seu baque contra o travesseiro.
Nem os sonhos importam mais. Foram dois mês passado. Um grande susto, acompanhado pela perda da fala, da voz, do fôlego.
Essa eu é quase uma alucinação, o som de uma menina menina pra sempre.
Presa em perdas, em solidão, em dor.
Essa menina só existe na solidão, e sonha acordada e ri, e se afoga em memórias, e em pranto.
Lembro da mamãe, insistindo em saber porque eu chorava, iludida ainda que eu tivesse probleminhas banais de adolescente. Acho que foi ali que minha alma se partiu. Não lembro de outras vezes.
Foi assim que o Marcelo me restituiu a vida e me presenteou com a dele.
O que ele faria agora? Não sei.
O que ela faria agora? Não quero.
O que me diria qualquer um se eu pudesse um dia dar voz a essa pergunta?
E se eles soubessem...?
Pare de ouvir o John.
Pare de pensar...

domingo, 5 de abril de 2009

3º sonho - 26.02.2008




Sonhei com um rei, um juiz, um bobo-da-corte e com sua corte toda.
Escravizador maligno, demoníaco.
E estávamos todos presos na sua malignidade, demoniocidade, escravidão.
E eu o procurava, como se minha presença algum dia tivesse despertado sua complacência. Senti-me Moisés, tentando libertar o meu povo. Libertar-me. Ou aprisionar-me segundo sua vontade soberana. Demoníaco, Rosicrucianum, Ditador.
Seu rosto se deformara com as transformações ocorridas. Eu, prisioneira, escrava, ridícula, humilhada, pequena e humana.
Tinham pessoas demoníacas e demônios e lama,onde em outros sonhos houveram piscinas claras.
E dor e calçados descalços, pés quebrados, sem nunca encontrar meu inimigo.
Grande demais pra mim.

2º Sonho - 19.01.2008 – Espirais




Sonhei que era um espiral, sonhei com um grande poema inacabado, com um vestido que não queria usar. Com um forro de mesa de filó laranja no babado. E com aquele sorriso misterioso. Agora eticamente em dobro.
Um beijo no rosto e tenho que ir, de novo para aquele ônibus infernal. Não entendo porque não ir embora de vez, dessa vez.

Espirais são estranhos de se ver por dentro.Eu era como a última caixa de fogos-de-artifício de Fred e George. Um novo Josh absurdo à minha espera. Perfeito demais para ser bom, e um poema que não consigo terminar: começa bom demais, depois já não sei o que ia dizer, até desistir. Primeiro, tomada por gravuras de dragões e espirais, depois com sonhos absurdos, que não desejei.


Cuidado agora.

1º sonho - 26.12.2007


Claro que não é o primeiro, mas o primeiro desses que registrei nas páginas negras do meu Death Note. Começa com um poema.


Um Poema de Cor

Eu queria ser de circo
Ai, que vida original!
Trabalhar todas as noites
Divertindo o pessoal.
Os aplausos da platéia
Toda aquela vibração
Sempre novas gargalhadas
Sempre mais animação.

Eu queria ser de circo
Conhecer os bastidores
Que a platéia nunca vê
Ver de perto os domadores
(...)
Ver a cara do Palhaço
Sem pintura e fantasia
E ver se a mulher barbada
Faz a barba todo dia
(...)
Só não sei o que faria
Que função ia escolher
Pois o circo é variado
Tanta coisa tem pra ser

O trapézio é maravilha
só que está longe do chão
e engolir facas ou fogo
não é boa ocupação.
Ser mágico eu não quer
Eu seria incapaz
Pois o truque perde a graça
Se eu souber como se faz...

26.12.2007
Sonhei com um anfiteatro, com uma bola de basquete, com objetos histórico e a posse deles. Tinham pessoas em fantasias – “veteranos” – inclusive minha mãe. Eu estava acuada e de boné. O Palhaço usava peruca de lã colorida, porém desbotada e aquele chapéu-côco. Sem pintura.
A alegria se tornava cruel, até de quem não costumava ser.
Dias difíceis estão por vir, eu sinto.

sábado, 4 de abril de 2009

Espectro de Sonhos

Só para abrir a temporada de publicação de textos antigos, posto o link de um dos textos da Clau, do qual me sinto fazer parte.
Os próximos textos se referem aos treze sonhos que tive no último ano, e que decidi publicar seguindo sugestão dessa amiga, cuja escrita faz a minha sentir vergonha. Obviamente ela me deu permissão para isso.

http://espectro-de-sonhos.blogspot.com/2009/01/movimento-periodico.html

Se os próximos textos forem um saco, só tenho dois argumentos em meu favor:
o primeiro é que, pela ausência de sentires, a outra opção seria ficar muito tempo sem escrever nada aqui.
o segundo foi que a idéia de postar os sonhos foi da Clau. Reclamem com ela. :p

E tenho um argumento contra: sinto que faz muito tempo que eu não escrevo nada de que me orgulhe, então... Choveu no molhado.

Para os que gostam das ladainhas, muito obrigada a vocês dois pela presença.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Black - Ten


Hey...oooh...

Sheets of empty canvas, untouched sheets of clay

Were laid spread out before me as her body once did

All five horizons revolved around her soul

As the earth to the sun

Now the air I tasted and breathed has taken a turn

Ooh, and all I taught her was everything

Ooh, I know she gave me all that she wore

And now my bitter hands chafe beneath the clouds

Of what was everything?

Oh, the pictures have all been washed in black, tattooed Everything...


I take a walk outside

I'm surrounded by some kids at play

I can feel their laughter, so why do I sear

Oh, and twisted thoughts that spin round my head

I'm spinning, oh, I'm spinning

How quick the sun can, drop away

And now my bitter hands cradle broken glass

Of what was everything

All the pictures have all been washed in black, tattooed everything...

All the love gone bad turned my world to black

Tattooed all I see, all that I am, all I will be...yeah...


Uh huh...uh huh...ooh...

I know someday you'll have a beautiful life, I know you'll be a star

In somebody else's sky, but why, why, why

Can't it be, can't it be mine



Desde que comecei a ter sonhos com trilha sonora, essa foi a mais terrível para o pior de todos eles. Parece que o venerável Sr. Vedder andou dando umas voltas no meu cérebro. Alma. O que quer que isso se chame. (Não confio mais na psicologia acadêmica, então essas questões acabam voltando, embora agora não tenho quase relevância alguma para nada.)


A seguir, os treze sonhos.