Idas e vindas de palavras ocas, ecoando. Do pouco que me lembro, do que não consigo esquecer.
domingo, 18 de novembro de 2012
Fenda
Eu queria ser única e especial.
Queria não sentir tanto frio.
E ficar aqui sentada com meus arrepios.
Queria sentir aquela dor de novo
O aperto no estômago,
o sangue como lascas nos braços
sentir queimar a pele sob meus cabelos vermelhos
Ou de qualquer outra cor.
Eu queria ter de novo aquele sorriso inocente,
aqueles olhos brilhando
que me explicavam silenciosamente
porque eu jamais quis fazer alguém tão feliz.
Queria um dia ouvir o eco da minha risada
tão rara
o toque na ponta dos meus dedos
pentear seus cabelos molhados
andar na frente, os pés descalços
Queria poder te amar
sem saber que você ia me fazer sofrer
Sem ser atropelada pelas adversidades mais fúteis
Poder sonhar que um dia podia ser pra sempre
Mas fico aqui sentada, confusa, perdida, ridícula
Lamentando minha própria inocência
Desejando voltar no tempo
pra não ser tão imbecil
Querendo ser feliz como fui até pouco tempo
Acreditando que eu não fui sempre assim
Esperando que alguém apareça
Me reconheça
e me defenda
de mim.
quinta-feira, 19 de julho de 2012
Sozinha
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Canela e gengibre
Hoje ele levou as malas. Hoje eu durmo sozinha.
Na acupuntura, o doutor disse que eu estava com muita energia no pulmão, e pouca nos rins...
Eu me arrumei pra não ter que ficar em casa, mas não quis sair sozinha.
Tenho coisas a organizar, listas a fazer, tenho programas na Net pra assistir, um cãozinho querendo brincar
Mas, eu? Eu só quero andar em círculos tentando tirar essa dor na minha garganta.
Fervo um chá de canela, bem quente, bem forte, com açúcar mascavo, mas eu sei que vou dormir com fome.
Tentando entender porque você fez isso, mas é difícil sem minha bola de cristal...
E tentando entender como pude investir tanto de mim em algo tão vazio e se tudo que tentei fazer de certo foi o que fiz pra errar.
A água do chá secou na panela, de novo. Coloquei mais água e devolvi pro fogo, provavelmente pra cometer o mesmo erro mais uma vez.
Hoje ele levou as malas, mas quase nenhuma diferença fez. Não se nota nada faltando. A bagunça continua a mesma, a casa entulhada de coisas que não tenho onde guardar.
Hoje eu durmo sozinha, só pra perceber que já estava sozinha antes, desde que ninguém me abraça na cama.
Tento fazer circular a energia do pulmão, produzir água pra saciar o desânimo, a perda da memória, as dores nos joelhos.
Hoje eu fico sozinha, como sempre fui, do jeito que eu sempre achei que seria.