quarta-feira, 14 de julho de 2010

O Farol

Hoje eu decidi chorar, mesmo sabendo que não tenho lágrimas. Então o fiz do meu jeito, ficando vermelhinha e agarrando-me ao meu violão e às músicas tristes que me vêm, existam elas ou não.

Contando os segundos para o fim da minha paz solitária. E me senti mais estúpida que de costume, com as decisões erradas que tomei, os caminhos errados, as palavras erradas, as danças erradas com as músicas erradas... Eu vivo uma vida com poucos arrependimentos, mas basta um...

O ruim de ser sozinha é não ter colo. E quando chega, todas as noites, o fim da minha solidão, me sinto ainda mais vazia e estranha. Nenhuma companhia aplaca minha triste clausura voluntária. Só eu cuido de mim. Só eu me importo comigo. Só eu me dou o trabalho de me deixar feliz. Só.

Eu sei que de alguma forma a felicidade está dobrando a esquina, mas por alguma razão eu continuo presa no farol.

Mas não sou de ficar esperando que alguém resolva por mim meus problemas, continuo inertemente buscando pequenas soluções para os meus pequenos probleminhas cotidianos, minhas coisinhas de mulherzinha. Tecla por tecla no meu piano.

Continuo pequena e, na minha pequenez, me dou o direito de magoar-me com meus esforços solitários. Tudo pequeno demais pra ser importante.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Papel de Boba

Meio de Julho, com cara de agosto.

Calor seco o dia inteiro, noite fria demais pra dormir sem meias.

Mais muitas noites pra saber ser sozinha pela frente. E sozinha mais uma vez.

Os amigos cada dia mais virtuais, a necessidade de auto-afirmação cada dia mais fácil de ser sanada. Mesmo sendo tão pouco sã. Mesmo sendo as loucuras salutares.

Pleno 2010 e ainda faço papel de boba.

Só decresço. Cada vez mais ridícula e infantil. O tempo, os dias, a experiência só me deixam mais idiota. Preocupo-me sempre e cada dia mais com o tônus da minha pele, com o frizz nos cabelos, com a falta de tempo pra ficar impecavelmente atraente.

Findam-se os dias de comer tudo o que me apetece, em todos os sentidos.

Nada mais de promessas vãs e frases costumeiras. Nada de beber vinho no parque, nem caro nem barato. Nada de violão preso ao braço, no ônibus lotado. Difícil até pegar um cinema sem um preparo antecedente.

Eu, do meio pro fim e agindo como se fosse a linha de chegada, pra começar tudo de novo. Preparo a tranqüilidade do fim da vida, pensando em finalmente dar início à minha.

Não sonho mais, tudo tão real.

E, por mais que eu relute nos belos clichês de realização, preciso parar de fingir que não sei que, talvez pela primeira vez, sinto que vou ser feliz.

Boba!