Para não decepcionar ninguém e em reconhecimento dos que esperaram.
Eu, na verdade, não ia fazer nenhuma edição de outubro, pois sequer notei que outubro havia chegado. Eu estava lá ocupada com as trocas de servidores no trabalho, a viagem no meio disso tudo, a falta de grana, a remarcação das férias, os bebês da família, a falta de grana, o serviço novo do marido, o tempo ocioso do marido, a falta de grana...
Um dia, percebo que, à toa, estou com um nó não desfeito na garganta e em diversos músculos do corpo. Na sexta me arrumo e dirijo uns 50Km para despedir-me de um amigo querido por uns cinco minutos e, sem perceber, estou no carro de volta e as lágrimas vêm fortes aos olhos. Tão frustrada com tudo, apesar de tudo estar tão bem! Aí chego em casa e vejo o email da Clau me desejando um feliz outubro, me lembrando que é outubro. Muitas outras cobranças para os textos vêm. Eu nem ia escrever nada, não tendo percebido que o mês acabou. Pra mim isso só representa a entrada do meu salário na conta. Eu não queria mais estabelecer ligação entre esses eventos, mas não tem como evitar.
Mas não queria mais escrever sobre meus outubros, meus dias cinzentos do final de setembro, as chuvas em novembro. Todo ano meus textos são iguais, todo ano sofro em outubro. E me provoco ainda mais dor me afastando de todo mundo com a minha melancolia travestida em mau humor.
Os olhos enxarcados, mas sem tempo para soluçar. Sinto saudade dos dias que me encolhia gemendo, desejando ardentemente não amar ninguém, só a mim, só a mim. Nada disso resolve, só traz mais dor.
Eu não escrevo mais poemas, meus sentimentos não têm mais cor, eu apenas admito friamente que amo a despeito das ações que faço. Mesmo assim, as palavras atropelam minha língua e meus dedos. Mesmo assim, ainda tenho gente ansiosa pela postagem nesse blog bobo, me mandando emails, tentando me fazer sentir melhor apenas disso tudo.
Neste outubro, como nos outros, quero apenas ficar sozinha. Desamar! Desmagoar! Quero esconder-me para que ninguém me toque e omitir-me de tocar também. Mas cansei dessa gangorra, dessa montanha russa emocional. Cansei de ficar dengosa, te querendo perto e agressiva, alimentando raiva tentando te odiar, por ficar tão distante. Cansei!
Mas agora pareço tão distante da paz que nem mais sei se isso existe ou é possível. Deixo-me, declino-me, abandono-me, longamente me espero pra só retornar quando eu puder esperar por março.