Uma placa na esquina
E sou atingida, devorada por um senso de sentidos
Um despertar de algo nem estava adormecido
Alerta para a beleza em cada pequeno pedaço
De tudo.
Arte está na íris
Está nos olhos, nos punhos cerrados
Na placa da esquina
No reflexo do sol nos vidros fechados.
Em cada clique do celular que tira fotos
Em cada arfar de um peito cansado
No suspiro que ante vem uma nota aguda
No toque da guitarra, no baixo, na tuba.
Arte é o calabouço das pessoas livres
Arte destrona, nos faz lixo
Ao mesmo tempo em que exalta e enriquece
Desperta os instintos, racionaliza
Agride e acaricia
Arte está no tom
Está no grito longo de uma freada
E no milésimo de segundo da batida
Arte está no deck e no baralho
Na boceta e no caralho.
Em dois corpos que se unem
E se separam encharcados
Arte está na expressão
Do pensamento reprimido
Está no jogo e no choro
Está no silêncio após uma foda bem dada.
Um pôr-do-Sol, um mato queimado
Nessa ausência que se encaixa no peito
Cada vez que te vejo e não te tenho
No desejo de ficar e de prender
Na necessidade de ir e deixar ir
Arte está nas diferenças
E no respeito a elas
Nas arandelas do ciúme
Na gratidão do zêlo
Arte está nesse corredor vazio
Que você chama de vida
E eu de pesadelo.
4 comentários:
Belo. De veras belo.
Faz tempo que não escreves assim, em poesia :)
Nice. =***
Gracias, chica.
:***
Um dos meu favoritos! Pena que vc raramente escreve nessa estrutura, deveria tentar mais vezes. ;)
De fato, é um estilo que abandonei, mas acho difícil até não escrever assim. Já existem muitos desse e muitos outros virão!
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