Com o eterno agradecimento ao Daniel Röhe, que desfiou, entendendo tão bem, minha paz. Esse poema é dele, aqui eternizado, nem sei se ele sabe. Alguém um dia me disse que não existe ex-amigo. Esse alguém, no entanto, já não sei o que é. Fica só o fato de chamar o Daniel de Daniel e não de Black, pra não ter que dar a ele um título.
paz está na meia furada
está na calçada e sacada
paz está no morro, no corvo
assim como no diabo ou no escravo
paz está no trânsito de são paulo e na torre eiffel
no sorvete de flocos e no cão vira-lata
no pombo morto, no pombo que caga ácido
paz está no aborto e na salvia divinorum
paz está no celular e no telefone fixo
na internet, no fax, no cd novo
está em tom jobim e ray charles
na smirnoff e na jose cuervo, no grama do ouro
paz está na cama, na janela e em saturno
está no fundo de tela e no coturno
na bandeira que balança, na chama que queima o papel
na esperança que se lança, no diploma de bacharel
paz está no menu iniciar, no acordar
no dormir no fugir
no atropelar a moto, no cair de um avião
na guerra santa e na inflação
está ainda, no copo de cerveja em uma sexta feira
está no cigarro de palha, sagrado
está no perfil do orkut, no show do pink floyd
no freio abs, que salva mais uma vida
está no airbag que sufoca o homem salvo pelo anjo
está no rádio do carro roubado
vendido e retraficado, reciclado
rebolado, re-embolado
paz está no final do corredor, à direita
paz está na descarga que funciona
paz está aqui
paz está acolá.
Um comentário:
De fato, ponderei primeiro sobre o que já me tinha dito e o meu melhor feedback foi seguir seus conselhos! O último texto sobre o silêncio nasceu depois que li o que vc escreveu pra mim....
Continuo, por essas e outras, te admirando, sis.
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