sábado, 29 de novembro de 2008

Causas Ocultas




Sim, a linguagem cotidiana tende a buscar explicações mentalistas para os comportamentos. Tendemos, no entanto, a explicar nosso próprio comportamento por causas externas. Acredito que se por um lado, quanto mais oculta for a causa de um comportamento admirável, mais admirado será, quando do comportamento reprovável, quanto mais oculta for sua causa mais réprobo será.


Se houve uma briga, dizemos, bati nele porque estava num dia ruim, cansada e ele me atacou primeiro. Mas ele? Ele me bateu porque é violento mesmo! Eu não fiz meus trabalhos pois tenho tido pouco tempo, mas ele? Ele não fez porque é preguiçoso!


A impressão que tenho é que somos mais justos com nós mesmos. E se procurar causas ambientais é o que fazemos, talvez seja a análise mais justa.


Não é nem que o behaviorismo incida em questões de justiça, mas não dá pra reduzir tudo aos nossos órgãos internos, como se fossem responsáveis por instâncias imateriais que não são feitas nem estruturadas da mesma forma que nosso organismo, embora igualmente complexas.


Se com fome fico irritada, são os movimentos do meu estômago vazio que produzem os movimentos dos meus punhos, ou a irritação produz a violência?


E porque as causas são ambientais passamos a ter mais controle sobre as emoções e nossas decisões sobre a forma de expressá-las?




O problema que confrontamos é um problema filosófico, não é um problema científico. Ele requer esclarecimento conceitual, não investigação experimental. Não se pode investigar experimentalmente se cérebros pensam ou não, acreditam, fazem suposições, raciocinam, fazem hipóteses, etc. até que se saiba o que significa um cérebro fazer tais coisas - isto é, até que sejamos claros sobre o significados dessas frases e soubermos o quê (se é que algo) vale como um cérebro fazendo tais coisas e que tipo de evidências apoiaria conferir tais atributos ao cérebro.




Falácia Mereológica.

Um comentário:

Arcanis disse...

uma foto que diz muita coisa
rsrsrs
;)