Impressionante como o tempo passa devagar quando não temos pressa. Mas, embora cada dia parecesse semanas na minha viagem solitária, rápido demais ela chegou ao fim e voltei a ter pressa e horários e discutir opiniões antes de decidir ir a qualquer lugar. Também não pude mais fazer o que quisesse e não fazer o que não quisesse. A vida real chamava insistente aos ouvidos, embora eu fingisse dar-lhe as boas vindas com sauda
de como se estivesse ansiosa pelo seu retorno, mas amargurava-me intimamente como se devesse me despedir de um amigo companheiro. Na verdade, como se me despedisse de mim e do tempo ótimo que passei comigo.
Olhei triste para meu quarto de hotel, meu abrigo aconchegante para o período de reclusão, tentando reter cada detalhe dele na memória, mas sabe
ndo já que as lembranças se esvairiam de mim como água entre os dedos, como sempre. Lenta e melancolicamente fechei a porta com a mesma s
ensação de quando preciso desligar o computador, deixando uma conversa agradável no gtalk pelas metades, ou quando preciso desligar o telefone, numa de minhas ligações interurbanas, ou quando não poucas vezes assisti fecharem com barro uma sepultura, fechei a porta, desejando fechar-me nela ainda, mas a mão veio automátic
a ao trinco, girando a chave.
Volto pra casa, pra vida real, como se minha realidade tivesse morrido. E, como todo processo de luto, demoro não mais que uma semana pra que minha vida voltasse ao normal, mas é claro, sem nunca voltar a ser a mesma.
Na foto, um trecho do caminho de volta.
6 comentários:
Ponto um: quase consegui descansar lendo sobre seu dscanso.
Ponto dois: ler você é como um livro marcante, daqueles que, de tão bom, a gente lê menos e mais devagar que é para não acabar com a história tão rápido...
Um dia ainda vou ser sua editora.
Poxa, Sis, obrigada! Saiba que sempre foi você quem me incentivou a escrever e, sempre que parecia que eu perdia meu tempo, foi sua opinião que me fez acreditar em mim. Sobretudo quando você escreve tão melhor... Tem minha admiração duplamente por isso.
Te amo muito.
Beijos!
Você já viu o filme 500 dias com ela (em inglês, 500 days of summer)? Gostaria de saber sua opinião sobre o filme.
Hahaha! Eu escrevi um post inteiro sobre o filme, ainda não tive tempo de publicar com a correria do fim das minhas férias. Mas posso adiantar que chorei o filme do início ao fim, a dor de ser ele e a dor de ser ela, enquanto assistia senti que eu era um pouco dos dois (ou muito no caso dela). Sem dúvida um dos melhores filmes que já assisti, achei bem feito, a sobreposição das cenas, a seqüencia, a trilha sonora, o enredo (tão natural que se tornou o oposto do óbvio!), tudo, enfim. Queria ouvir sua opinião também.
Obrigada pela visita!
O importante é o que fica. É a mesma sensação de voltar das férias na praia. Pior é quando encontramos os mesmos problemas durante nosso retiro, nos fazendo acreditar que algumas fases ruins não tem fim... Apesar de querer crer que sim.
Adorei os textos. Me fez descansar um pouco também, como sua irmã. Me pergunto porque demorei tanto pra ler. ;P
Beijos!
Cau!
Espero que tenha encontrado uma resposta satisfatória pra sua pergunto. Eu também me pergunto, preocupada com uma resposta que indiquem a continuidade de problemas que deveriam parar.
Mas muitíssimo feliz por você estar por aqui, sempre!
(acho que não veio antes, porque conhecia a história por trás da ficção, anyway...)
Mil beijos, gata!
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